quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

Pedaço de Mim

Oh, pedaço de mim
Oh, metade afastada de mim
Leva o teu olhar
Que a saudade é o pior tormento
É pior do que o esquecimento
É pior do que se entrevar

Oh, pedaço de mim
Oh, metade exilada de mim
Leva os teus sinais
Que a saudade dói como um barco
Que aos poucos descreve um arco
E evita atracar no cais

Oh, pedaço de mim
Oh, metade arrancada de mim
Leva o vulto teu
Que a saudade é o revés de um parto
A saudade é arrumar o quarto
Do filho que já morreu

Oh, pedaço de mim
Oh, metade amputada de mim
Leva o que há de ti
Que a saudade dói latejada
É assim como uma fisgada
No membro que já perdi

Oh, pedaço de mim
Oh, metade adorada de mim
Lava os olhos meus
Que a saudade é o pior castigo
E eu não quero levar comigo
A mortalha do amor...

Chico Buarque

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

sorria




Sorri quando a dor te torturar
E a saudade atormentar
Os teus dias tristonhos vazios

Sorri quando tudo terminar
Quando nada mais restar
Do teu sonho encantador

Sorri quando o sol perder a luz
E sentires uma cruz
Nos teus ombros cansados doridos

Sorri vai mentindo a sua dor
E ao notar que tu sorris
Todo mundo irá supor
Que és feliz

Charles Chaplin

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

sábado, 14 de novembro de 2009

terça-feira, 10 de novembro de 2009

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Matinal

O tigre da manhã espreita pelas venezianas.
O vento fareja tudo.
No Cais, os guindastes - domesticados dinossauros -
erguem a carga do dia.

Mário Quintana
Literatura Comentada.


sexta-feira, 30 de outubro de 2009

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

encerrando ciclos

Sempre é preciso saber quando uma etapa chega ao final...
Se insistirmos em permanecer nela mais do que o tempo necessário, perdemos a alegria e o sentido das outras etapas que precisamos viver.
Encerrando ciclos, fechando portas, terminando capítulos. Não importa o nome que damos, o que importa é deixar no passado os momentos da vida que já se acabaram.
Foi despedida do trabalho? Terminou uma relação? Deixou a casa dos pais? Partiu para viver em outro país? A amizade tão longamente cultivada desapareceu sem explicações?
Você pode passar muito tempo se perguntando por que isso aconteceu....
Pode dizer para si mesmo que não dará mais um passo enquanto não entender as razões que levaram certas coisas, que eram tão importantes e sólidas em sua vida, serem subitamente transformadas em pó. Mas tal atitude será um desgaste imenso para todos: seus pais, seus amigos, seus filhos, seus irmãos, todos estarão encerrando capítulos, virando a folha, seguindo adiante, e todos sofrerão ao ver que você está parado.
Ninguém pode estar ao mesmo tempo no presente e no passado, nem mesmo quando tentamos entender as coisas que acontecem conosco.
O que passou não voltará: não podemos ser eternamente meninos, adolescentes tardios, filhos que se sentem culpados ou rancorosos com os pais, amantes que revivem noite e dia uma ligação com quem já foi embora e não tem a menor intenção de voltar.
As coisas passam, e o melhor que fazemos é deixar que elas realmente possam ir embora...
Por isso é tão importante (por mais doloroso que seja!) destruir recordações, mudar de casa, dar muitas coisas para orfanatos, vender ou doar os livros que tem.
Tudo neste mundo visível é uma manifestação do mundo invisível, do que está acontecendo em nosso coração... e o desfazer-se de certas lembranças significa também abrir espaço para que outras tomem o seu lugar.
Deixar ir embora. Soltar. Desprender-se.
Ninguém está jogando nesta vida com cartas marcadas, portanto às vezes ganhamos, e às vezes perdemos.
Não espere que devolvam algo, não espere que reconheçam seu esforço, que descubram seu gênio, que entendam seu amor. Pare de ligar sua televisão emocional e assistir sempre ao mesmo programa, que mostra como você sofreu com determinada perda: isso o estará apenas envenenando, e nada mais.
Não há nada mais perigoso que rompimentos amorosos que não são aceitos, promessas de emprego que não têm data marcada para começar, decisões que sempre são adiadas em nome do "momento ideal".
Antes de começar um capítulo novo, é preciso terminar o antigo: diga a si mesmo que o que passou, jamais voltará!
Lembre-se de que houve uma época em que podia viver sem aquilo, sem aquela pessoa - nada é insubstituível, um hábito não é uma necessidade.
Pode parecer óbvio, pode mesmo ser difícil, mas é muito importante.

Encerrando ciclos. Não por causa do orgulho, por incapacidade, ou por soberba, mas porque simplesmente aquilo já não se encaixa mais na sua vida.
Feche a porta, mude o disco, limpe a casa, sacuda a poeira. Deixe de ser quem era, e se transforme em quem é. Torna-te uma pessoa melhor e assegura-te de que sabes bem quem és tu próprio, antes de conheceres alguém e de esperares que ele veja quem tu és..
E lembra-te :

“Tudo o que chega, chega sempre por alguma razão”

Fernando Pessoa

sábado, 24 de outubro de 2009

Poema Transitório

(...) é preciso partir
é preciso chegar
é preciso partir é preciso chegar... Ah, como esta vida é urgente!

... no entanto
eu gostava mesmo era de partir...
e - até hoje - quando acaso embarco
para alguma parte
acomodo-me no meu lugar
fecho os olhos e sonho:
viajar, viajar
mas para parte nenhuma...
viajar indefinidamente...
como uma nave espacial perdida entre as estrelas.

Mário Quintana

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Incultas produções da mocidade
Exponho a vossos olhos, ó leitores.
Vede-as com mágoa, vede-as com piedade,
Que elas buscam piedade e não louvores.

Ponderai da Fortuna a variedade
Nos meus suspiros, lágrimas e amores;
Notai dos males seus a imensidade,
A curta duração dos seus favores.

E se entre versos mil de sentimento
Encontrardes alguns, cuja aparência
Indique festival contentamento,

Crede, ó mortais, que foram com violência
Escritos pela mão do Fingimento,
Cantados pela voz da Dependência.


Bocage
Literatura Comentada.

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

“Odes Fragmentárias”

Sendo quem sou, em nada me pareço.
Desloco-me no mundo, ando a passos
E tenho gestos e olhos convenientes.
Sendo quem sou
Não seria melhor ser diferente
E ter olhos a mais, visíveis, úmidos
Ser um pouco de anjo e de duende?
Cansam-me estas coisas que vos digo.
As paisagens em ti se multiplicam
E o sonho nasce e tece ardis tamanhos.
Cansam-me as esperanças renovadas
E o verso no meu peito repetido.
Cansa-me ser assim quem sou agora:
Planície, monte, treva, transparência.
Cansa-me o amor porque é centelha
E exige posse e pranto, sal e adeus.

Queres o verso ainda? Assim seja.
Mas viverás tua vida nesses breus.

Hilda Hilst

Eternal Sunshine of the Spotless Mind

" Esquecendo o mundo e sendo por ele esquecida.
Brilho eterno de uma mente sem lembranças
Toda prece é ouvida, toda graça se alcança..."
Alexander Pope


sobre o mundo

Creio no mundo como num malmequer,
Porque o vejo. Mas não penso nele
Porque pensar é não compreender...

O Mundo não se fez para pensarmos nele
(Pensar é estar doente dos olhos)
Mas para olharmos para ele e estarmos de acordo...

Eu não tenho filosofia; tenho sentidos...
Se falo da Natureza não é porque saiba o que ela é,
Mas porque a amo, e amo-a por isso
Porque quem ama nunca sabe o que ama
Nem sabe por que ama, nem o que é amar...

Fernando Pessoa

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

perdendo dentes

As brigas que ganhei ...
As brigas que perdi ...

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Para nós


BALADA DO SOLDADO MORTO
(Legende Vom Toten Soldaten)
(Bertolt Brecht/Kurt Schwaen - versão de Cacá Rosset. Encarte do Disco Cida Moreira Interpreta Brecht)

Durava mais de seis anos a guerra
E a paz não apareceu
Então o soldado se decidiu
E como um herói morreu
Mas como a guerra não terminou
O rei vendo morto o soldado
Ficou muito triste e pensou assim:
Morreu antes do fim.

O sol esquentava o cemitério
E o soldado jazia em paz
Até que uma noite chegou ao front
Um médico militar
Tiraram então o soldado da cova
Ou o que dele sobrou
E o médico disse:
“Tá bom pro serviço, ainda tem muito pra dar!”

Saíram levando dali o soldado
Que já aprodecia
Rezavam em seus braços duas freiras
E uma puta vadia
E como o soldado cheirava a morte
Um padre ia em frente ao andor
Perfumando a cidade com nuvens de incenso
Para encobrir o fedor

A banda ia na frente da procissão
Fazendo bum bum prá trá
Para que o soldado marchasse
Como no batalhão
Dois enfermeiros erguiam o soldado
Para mantê-lo de pé
Pois se ele caísse no chão
Virava um monte de lixo!

Na frente marchava um homem de fraque
Usando gravata engomada
Um bom cidadão consciente de ser
“Patriota da Pátria Amada”
Tambores e gritos de saudação
A mulher, o padre e um cão
O soldado ia morto cambaleando
Um mico de porre dançando
E quando passavam pelas cidades
Ninguém enxergava o soldado
E todos entravam na grande marcha
Gritando: “Pela Pátria lutar!”
Agitavam bandeiras esfarrapadas
Para esconder o soldado
Que só podia ser visto de cima
Mas em cima só brilham estrelas...

Mas as estrelas não estão sempre lá
E outro dia nasceu
Então de novo morreu o soldado
E foi outra vez enterrado!

Para ela.

domingo, 4 de outubro de 2009

José

E agora, José?
A festa acabou,
a luz apagou,
o povo sumiu,
a noite esfriou,
e agora, José?
e agora, você?
você que é sem nome,
que zomba dos outros,
você que faz versos,
que ama, protesta?
e agora, José?

Está sem mulher,
está sem discurso,
está sem carinho,
já não pode beber,
já não pode fumar,
cuspir já não pode,
a noite esfriou,
o dia não veio,
o bonde não veio,
o riso não veio
não veio a utopia
e tudo acabou
e tudo fugiu
e tudo mofou,
e agora, José?

E agora, José?
Sua doce palavra,
seu instante de febre,
sua gula e jejum,
sua biblioteca,
sua lavra de ouro,
seu terno de vidro,
sua incoerência,
seu ódio - e agora?

Com a chave na mão
quer abrir a porta,
não existe porta;
quer morrer no mar,
mas o mar secou;
quer ir para Minas,
Minas não há mais.
José, e agora?

Se você gritasse,
se você gemesse,
se você tocasse
a valsa vienense,
se você dormisse,
se você cansasse,
se você morresse...
Mas você não morre,
você é duro, José!

Sozinho no escuro
qual bicho-do-mato,
sem teogonia,
sem parede nua
para se encostar,
sem cavalo preto
que fuja a galope,
você marcha, José!
José, para onde?



Carlos Drummond de Andrade

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

una palabra

Una palabra no dice nada
Y al mismo tiempo lo esconde todo
Igual que el viento que esconde el agua
Como las flores que esconde el lodo.

Una mirada no dice nada
Y al mismo tiempo lo dice todo
Como la lluvia sobre tu cara
O el viejo mapa de algún tesoro.

Una verdad no dice nada
Y al mismo tiempo lo esconde todo
Como una hoguera que no se apaga
Como una piedra que nace polvo.

Si un día me faltas no seré nada
Y al mismo tiempo lo seré todo
Porque en tus ojos están mis alas
Y está la orilla donde me ahogo,
Porque en tus ojos están mis alas
Y está la orilla donde me ahogo.

Carlos Varela

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Chorosos versos meus desentoados,
Sem arte, sem beleza e sem brandura,
Urdidos pela mão da Desventura,
Pela baça Tristeza envenenados:

Vede a luz, não busqueis, desesperados,
No mudo esquecimento a sepulturas;
Se os ditosos vos lerem sem ternura,
Ler-vos-ão com ternura os desgraçados.

Não vos inspire, ó versos, cobardia
Da sátira mordaz o furor louco,
Da maldizente voz a tirania.

Desculpa tendes, se valeis tão pouco;
Que não pode cantar com melodia
Um peito, de gemer cansado e rouco.

Bocage
Literatura Comentada.

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

sem título


Deusa de Ébano
Rainha de meu coração
Momentos sofridos ou vividos?
Instantes de paixão

Anos se passaram
Em frente a um espelho de ilusão
Quero acreditar em uma vida absoluta
Num lugar sem disputa
Disputa de interesse e raiva
Horas de incerteza e indecisão

Amor
Vida eterna e sem dor
E a cada fração dos teus carinhos
Pensamentos voam como instintos
Em toques suaves e delicados
O coração a milhão e ao mesmo tempo mas parado

Como viver um grande amor sem sofrer
Não e fácil simplesmente te esquecer
Anos de convivência não são fáceis de compreender
O que nos falta apenas
E prova um para o outro
Que o amor dentro de ti é aquele
mesmo que ainda faz meu coração bater.

autoria: Daniel Vanzuita Pereira

sósias da solidão



Em pensar que somos feitos
De pura ambição
Buscando inutilmente a essência
Desse nosso labutar

Em pensar que nossos corações
só batem na intenção
de frias lutas enfrentar
Por isso sofrem, sofrem..

Em pensar que nossas canções
estão mais tristes,
Pois querendo nos alegrar,
Ao se tornarem verdadeiras,
Lembram as nossas angústias

Em pensar que nosso arco-íris
Perde as cores quando olhamos
O firmamento com essa descrença
Ou nos sentimos impotentes
Ante as desgraças de nosso tempo

Dá até pra chorar..

sábado, 26 de setembro de 2009

Mayonaise

Mayonaise
Smashing Pumpkins

Fool enough to almost be it
Cool enough to not quite see it
Doomed
Pick your pockets full of sorrow
And run away with me tomorrow
June

We'll try and ease the pain
But somehow we'll feel the same
Well, no one knows
Where our secrets go

I send a heart to all my dearies
When your life is so, so dreary
Dream
I'm rumored to the straight and narrow
While the harlots of my perils
Scream

And I fail
But when I can, I will
Try to understand
That when I can, I will

Mother weep the years I'm missing
All our time can't be given
Back
Shut my mouth and strike the demons
That cursed you and your reasons
Out of hand and out of season
Out of love and out of feeling
So bad

When I can, I will
Words defy the plan
When I can, I will

Fool enough to almost be it
And cool enough to not quite see it
And old enough to always feel this
Always old, I'll always feel this

No more promise no more sorrow
No longer will I follow
Can anybody hear me
I just want to be me
When I can, I will
Try to understand
That when I can, I will


sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Handle With Care

I'm so tired of being lonely
I still have some love to give



quinta-feira, 24 de setembro de 2009

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Pessoas.

Você é garçonete e eu sou cliente, você é motorista e eu sou passageiro, você é pedestre e eu sou ciclista, você é bibliotecário e eu sou leitor, você é uma coisa eu sou outra coisa.
E neste momento de fazer/ser assumimos posturas, gestos, falas e interpretamos alguém diferente a cada instante.
Fomos treinados para isso. Treinados para andar de bicicleta, subir no ónibus e pagar passagem, vestir a roupa adequada para cada ocasião.
Se não fosse assim estaríamos perdidos num mundo estranho. O que fazer neste local cheio de livros? Posso pegar da prateleira? Tenho que pedir para aquele senhor atrás da escrivaninha.
Cada detalhe é aprendido, regras assimiladas através de um mentor ou de imitação.
É tanto detalhe no dia a dia para sermos a cada momento alguma coisa, que quando o ser social se aposenta, fica feliz que agora pode relaxar e descansar. Mas neste momento ele tem que deixar de imitar, de interpretar, para ser ele.
Você, neste momento não é mais estudante, fiscal, engenheiro, médico. É somente você, senhor Rodrigo, senhora Maria, Senhor Eduardo.
Neste momento vem o susto, mais um velho. Não é ninguém. Pois na vida inteira alimentou a fantasia do jaleco, do guarda-pó, do uniforme. Da fantasia que trazia o sustento necessario da continuidade da fantasia da família.
Agora tem construir a tua identidade, ou relembrar as interpretações passadas. Que se ninguém escrever, filmar, gravar, vai morrer contigo em algumas lembranças perdidas.
Doutor, capitão, mestre, titular. Alguns preferem morrer exercendo a profissão. Medo da aposentadoria.
Então futuro engenheiro. Que entra no onibus e finge que não ve os outros, afinal, são meros passageiros entre 150 apertados naquela lata conduzido por um motorista como todos os motoristas. Olhe para as pessoas. Descubra que não são meros passageiros. Cada um é rico, tem sua história, porta um nome que identifica o perigo e a solução, o amigo e o indiferente.
Não são pedestres a nossa volta. Banalizamos por defesa, já tem tantas regras para decorar. Agora pessoas?
Numa capital passam por você 3985 pessoas numa caminhada de 10 quadras. Não é exatamente este numero, num dia de final de copa com jogo do Brasil é capaz de cruzar apenas com 5 no mesmo trajeto.
Nosso cérebro cabe numa tigela. Não temos tanta capacidade de valorizar tanta gente. Mas isso não é desculpa para sorrir para quem está na tua frente. De aprender sobre si e sobre o outro.
Essa essência tem mais valor que a máscara mundana que faz que você despreze o gari, o lixeiro, o motoqueiro da pizza, a tia que limpa o banheiro. Pois a máscara deles é mais humilde.
Então cabeça de tigela. Acorde, que atrás dessa vestimenta de teatro, todos temos uma essência que não deve ser esquecida e que precisa ser estimulada. O mundo é mais que máquinas, perfumes, tom de voz autoritário e palavras bonitas e seres humanos.
Tanto para ver, tanto para sentir, para participar com os outros. Quando perceber isso pode pensar que é tarde demais. Cansado para continuar.

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

venenos

Há venenos tão sutis que, para conhecê-los, cumpre experimentá-los.
Há males tão estranhos que, para lhes entender a natureza , é preciso contraí-los.

oscar wilde - fragmentos

domingo, 13 de setembro de 2009

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Acrobata da dor

Gargalha, ri, num riso de tormenta,
como um palhaço, que desengonçado,
nervoso, ri, num riso absurso, inflado
de uma ironia e de uma dor violenta.

Da gargalhada atroz, sanguinolenta,
agita os guizos, e convulsionado
Salta, gavroche salta clown, varado
pelo estertor dessa agonia lenta...

Pedem-te bis e um bis não se despreza!
Vamos! reteza os músculos, reteza
nessas macabras piruetas d'aço...

E embora caias sobre o chão, fremente,
afogado em teu sangue estuoso e quente,
ri! Coração, trístissimo palhaço.

Cruz e Sousa
Literatura Comentada.

sobre a sabedoria

A sabedoria exorta à prudência com citações do livro da covardia , cujo autor se disfarça sob o nome de senso comum.

Consciência e covardia são na verdade , a mesma coisa.


Oscar Wilde - Fragmentos

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

janela sobre uma mulher

i

Essa mulher é uma casa secreta.
Em seus cantos, guarda vozes e esconde fantasmas.
Na noite de inverno, jorra fumaça.
Quem entra nela, dizem, não sai nunca mais.
Eu atravesso o fosso profundo que a rodeia.
Nessa casa serei habitado. Nela me espera o vinho que me beberá.
Muito suavemente bato na porta, e espero.

Eduardo Galeano

domingo, 6 de setembro de 2009

wonderwall

A bruxa - trecho

(...)
estou sozinho no quarto
estou sozinho na América.

Estarei mesmo sozinho?
Ainda há pouco um ruído
anunciou vida a meu lado.
Certo não é vida humana,
mas é vida. E sinto a bruxa
presa na zona de luz.

(...)

E nem precisava tanto...
Precisava de um amigo,
desses calados, distantes,
que lêem verso de Horácio
mas secretamente influem
na vida, no amor, na carne.
Estou só, não tenho amigo,
e a essa hora tardia
como procurar amigo?



Carlos Drummond de Andrade

sábado, 5 de setembro de 2009

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

tonight



Time is never time at all
You can never ever leave without leaving a piece of youth
And our lives are forever changed
We will never be the same
The more you change the less you feel

Believe, believe in me, believe
Believe that life can change
That you’re not stuck in vain
We’re not the same, we’re different tonight
Tonight, so bright
Tonight

And you know you’re never sure
But you’re sure you could be right
If you held yourself up to the light
And the embers never fade in your city by the lake
The place where you were born

Believe, believe in me, believe
Believe in the resolute urgency of now
And if you believe there’s not a chance tonight
Tonight, so bright
Tonight

We’ll crucify the insincere tonight
We’ll make things right, we’ll feel it all tonight
We’ll find a way to offer up the night tonight
The indescribable moments of your life tonight
The impossible is possible tonight
Believe in me as I believe in you...
Tonight

domingo, 30 de agosto de 2009

Duas Canções de Silêncio

Ouve como o silêncio
Se fez de repente
Para o nosso amor

Horizontalmente...

Crê apenas no amor
E em mais nada
Cala; escuta o silêncio
Que nos fala
Mais intimamente; ouve
Sossegada
O amor que despetala
O silêncio...

Deixa as palavras à poesia...


Vinicius de Moraes
Oxford, 1939.

cançao do dia de sempre

Tão bom viver dia a dia...
A vida assim, jamais cansa...

Viver tão só de momentos
Como estas nuvens no céu...

E só ganhar, toda a vida,
Inexperiência... esperança...

E a rosa louca dos ventos
Presa à copa do chapéu.

Nunca dês um nome a um rio:
Sempre é outro rio a passar.

Nada jamais continua,
Tudo vai recomeçar!

E sem nenhuma lembrança
Das outras vezes perdidas,
Atiro a rosa do sonho
Nas tuas mãos distraídas...


Mário Quintana

I send this smile over to you

sexta-feira, 28 de agosto de 2009

O Último Poema

Assim eu quereria o meu último poema

Que fosse terno dizendo as coisas mais simples e menos
[intencionais
Que fosse ardente como um soluço sem lágrimas
Que tivesse a beleza das flores quase sem perfume
A pureza da chama em que se consomem os diamantes mais
[límpidos
A paixão dos suicidas que se matam sem explicação.



Manuel Bandeira
Libertinagem & Estrela da Manhã - Coleção Folha Grandes Escritores Brasileiros.

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Sentimento do Mundo

Tenho apenas duas mãos
e o sentimento do mundo,
mas estou cheio de escravos,
minhas lembranças escorrem
e o corpo transige
na confluência do amor.

Quando me levantar, o céu
estará morto e saqueado,
eu mesmo estarei morto,
morto meu desejo, morto
o pântano sem acordes.

Os camaradas não disseram
qua havia uma guerra
e era necessário
trazer fogo e alimento.
Sinto-me disperso,
anterior a fronteiras,
humildemente vos peço
que me perdoeis.

Quando os corpos passarem,
eu ficarei sozinho
desfiando a recordação
do sineiro, da viúva e do microscopista
que habitavam a barraca
e não foram encontrados
ao amanhecer

esse amanhecer
mais noite que a noite.

Carlos Drummond de Andrade
Sentimento do Mundo - Coleção Folha Grandes Escritores Brasileiros.

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Canção do Violeiro

Passa, ó vento das campinas,
Leva a canção do tropeiro.
Meu coração 'stá deserto,
'Stá deserto o mundo inteiro.
Quem viu a minha senhora
Dona do meu coração?

Chora, chora, na viola,
Violeiro do sertão.

Ela foi-se ao pôr da tarde

Como as gaivotas do rio.
Como os orvalhos que descem
Da noite num beijo frio,
O cauã canta bem triste,
Mais triste é meu coração.

Chora, chora, na viola,
Violeiro do sertão.

E eu disse: a senhora volta
Com as flores da sapucaia.
Veio o tempo, trouxe as flores,
Foi o tempo, a flor desmaia.
Colhereira, que além voas,
Onde está meu coração?

Chora, chora, na viola,
Violeiro do sertão.

Não quero mais esta vida,
Não quero mais esta terra.
Vou procurá-la bem longe,
Lá para as bandas da serra.
Ali! triste que eu sou escravo!
Que vale ter coração?

Chora, chora, na viola,
Violeiro do sertão.


Castro Alves
Recife, setembro de 1865.

domingo, 23 de agosto de 2009

ceremony

"Imagine a mim e então começará a assistir
Assistir para sempre..."

joy division

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

românticos


"Românticos são poucos
Românticos são loucos
Desvairados
Que querem ser o outro
Que pensam que o outro
É o paraíso...

São tipos populares
Que vivem pelos bares
E mesmo certos
Vão pedir perdão
Que passam a noite em claro
Conhecem o gosto raro
De amar sem medo
De outra desilusão...


Vander lee

sexta-feira, 31 de julho de 2009

canção


"Nenhum descanso
sem amor,
nenhum sonho
sem sonhos
de amor -
quer esteja eu louco ou frio,
obcecado por anjos
ou por máquinas,
o último desejo
é o amor
- não pode ser amargo
não pode ser negado
não pode ser contido"

Allen Ginsberg


quarta-feira, 29 de julho de 2009

A Vida



É vão o amor, o ódio, ou o desdém;
Inútil o desejo e o sentimento...
Lançar um grande amor aos pés de alguém. O mesmo é que lançar flores ao vento!.
Todos somos no mundo,Uma alegria é feita dum tormento,Um riso é sempre o eco dum lamento,Sabe-se lá um beijo de onde vem!.
A mais nobre ilusão morre... desfaz-se...Uma saudade morta em nós renasce.
Que no mesmo momento é já perdida....
Amar-te a vida inteira eu não podia.A gente esquece sempre o bem de um dia.
Que queres, meu Amor, se é isto a vida!.




Florbela Espanca

domingo, 26 de julho de 2009

esperança

A esperança não murcha, ela não cansa, também como ela não sucumbe a crença. Vão-se sonhos nas asas da descrença, voltam sonhos nas asas da esperança.

Augusto dos Anjos

good song

segunda-feira, 20 de julho de 2009

Shes Only Happy In The Sun


na sua ausencia
eu sou um grito esfomeado
dentro do grito
da crianca que incomoda
em algum canto de mim
arvores impedem que os seu sol
liberte minha alma do gelo
maxi minimum

quarta-feira, 15 de julho de 2009

tempo


sobre o tempo o que mais diria..
seria o limiar da vontade dos deuses?
A divina comédia,
ironia fim de quem não precisa se preocupar com ele?
Já nao basta ele existir
e ainda temos que nos preocupar
quanto tempo passou, quanto tempo falta
se da, se ainda temos ,se ainda somos...
tempo
que nos diz muitas coisas..
passa
revela
oculta
mas volta sempre para dissimular suas marcas...

maxi minimum

quarta-feira, 8 de julho de 2009

Sunday Smile

que nossas palavras nao sejam estéreis e tudo o que com elas se consiga seja fugaz, ar e vento...

segunda-feira, 29 de junho de 2009

cancao de nuvem e vento

Medo da nuvem
Medo Medo
Medo da nuvem que vai crescendo
Que vai se abrindo
Que nao sabe
O que vai saindo
Medo da nuvem Nuvem Nuvem
Medo do vento
Medo Medo
Medo do vento que vai ventando
Que vai falando
que nao se sabe
O que vai dizendo
Medo do vento Vento Vento
Medo do gesto
Mudo
Medo da fala
Surda
Que vai movendo
Que vai dizendo
Que nao sabe..
Que bem se sabe
Que tudo e nuvem que tudo e vento
Nuvem e vento Vento Vento

Mario Quintana

uma chance...

quarta-feira, 24 de junho de 2009

Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades

Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,
Muda-se o ser, muda-se a confiança;
Todo o mundo é composto de mudança,
Tomando sempre novas qualidades.

Continuamente vemos novidades,
Diferentes em tudo da esperança;
Do mal ficam as mágoas na lembrança,
E do bem, se algum houve, as saudades.

O tempo cobre o chão de verde manto,
Que já coberto foi de neve fria,
E em mim converte em choro o doce canto.

E, afora este mudar-se cada dia,
Outra mudança faz de mor espanto:
Que não se muda já como so ia.
Luís de Camões

Eterno, é tudo aquilo que dura uma fração de segundo, mas com tamanha intensidade, que se petrifica, e nenhuma força jamais o resgata.

(CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE)

terça-feira, 23 de junho de 2009

terça-feira, 9 de junho de 2009

A love so beautiful

"O amor é o estado no qual os homens têm mais probabilidades de ver as coisas tal como elas não são."

Friedrich Nietzsche


sexta-feira, 5 de junho de 2009

Hava Nagila Hava de uma forma dançante.

Vamos dançar, festejar.

Hava Nagila (הבה נגילה em hebraico) is é uma canção folclórica hebraica cujo título significa Alegremo-nos. É uma música de celebração, especialmente popular entre os judeus e os ciganos, e é muito executada por bandas em festivais judaicos.

A melodia foi inspirada numa canção folclórica ucraniana da região da Bucovina. O texto comumente usado foi provavelmente composto por Abraham Zevi Idelsohn em 1918 para celebrar a vitória inglesa na Palestina durante a Primeira Guerra Mundial, bem como da Declaração de Balfour.

A tradução, pronúncia do título e lírica variam pelo mundo afora.


Hava Nagila

A Alessandra que foi soprano, sendo definida como Soprano Spinto pelo maestro Ênio Linhares Lima. Atualmente o Ênio trabalha como piloto de jatinho comercial indo para os interiores do Brasil. Ele me disse que virou caminhoneiro do ar.
Não chegamos a cantar essa música, mas a diversidade cultural do coral era tão grande que se chegasse a nossas mãos é bem provável que faria parte do nosso repertório.
É uma música tradicional judaica que já tem uns 90 anos e é muito popular:

Hava nagila,
Hava nagila,
Hava nagila,
Ve’ nismecha.


Hava nagila,
Hava nagila,
Hava nagila,
Ve’ nismecha.


Hava neranena,
Hava neranena,
Hava neranena,
Ve’ nismecha.


Hava neranena,
Hava neranena,
Hava neranena,
Ve’ nismecha.


Uru, uru achim,
Uru achim belev sameach,
Uru achim belev sameach,
Uru achim belev sameach,
Uru achim
Uru achim
Belev sameach.

solilóquio


Em desabono
neste outono,
inevitavelmente
questiono,
nesta altura
do campeonato
o que ficou.
Apesar dos pesares.
acho que
tenho um tempo
pra te dar.
Uma expressão
em meu olhar .
Um caos
e um resto de domingo.


(Maxi Minimum)

a vida segue..


A vida
grande engrenagem de dentes
em sua passagem
terá pelo horizonte obscuro
um monte de gente em cima do muro
A vida
Faz renascer
um sol sujo
atrás de latas de lixo..

(Maxi Minimun)

Amanhã Inexistente

Tudo o que passa
em sua mente
É poeira no vento se você
não sente
Com a cabeça no futuro
seu presente é ilusão
Afinal de contas, sua
vida existe ou não?

(MARL) 14-02-92

Te olhar


Te olhar é um mistério
é demais
é bem mais sério
Suas mãos são um tesouro
gestos ricos em palavras
revestidas de certeza
e movimentos..
Musicando o tempo, o espaço..
De olho na essência, nestes breves momentos
à socapa, dilacerando o pensamento
cresce atormentada a fantasia
agarrada às pedras do novo rio
ocultando admiração
à mão dita, felina
tesouro de um só homem..

(Maxi Minimum) junho-1992

Lembrança


Chegou...
Sem anunciar-se
Trazendo uma história
Na voz meiga..
Chegou de surpresa
E pegou-me desprevenida..
Enlaçou-me e,
em mornos beijos me vi,
Sem medos
Entregue a chama que queimava
Na posse absoluta
Com gosto suave e doce...
O que sobrou?
Não sei
Mas em mim há saudade...
O murmúrio triste da lembrança sua.
Que, tão rápido como chegou, se foi..
Espero que para sempre!

(Maxi Minimum) junho-1991

quarta-feira, 3 de junho de 2009

Faça da minha face.
O que achar mais fácil.
Beije-me se quiser.
Minha face é fácil.
Curta com minha face,
Minha cara.

(Flávio Jacobsen)

terça-feira, 2 de junho de 2009

O TEATRO MÁGICO

'Eu não sei na verdade quem eu sou'


Eu não sei na verdade quem eu sou,
Já tentei calcular o meu valor,
Mas sempre encontro sorriso e o meu paraíso é onde estou...
Por que a gente é desse jeito
criando conceito pra tudo que restou?

Meninas são bruxas e fadas,
Palhaço é um homem todo pintado de piadas!
Céu azul é o telhado do mundo inteiro,
Sonho é uma coisa que fica dentro do meu travesseiro!

Mas eu não sei na verdade quem eu sou!
Já tentei calcular o meu valor.
E sempre encontro o sorriso e o meu paraíso é onde estou
Eu não sei na verdade quem eu sou!

Perguntar de onde veio a vida,
por onde entrei deve haver uma saída,
e tudo fica sustentado pela fé!
Na verdade ninguém sabe o que é!

Velhinhos são crianças nascidas faz tempo!
Com água e farinha eu colo figurinha e foto em documento!
Escola é onde a gente aprende palavrão...
Tambor no meu peito faz o batuque do meu coração!

Mas eu não sei na verdade quem eu sou.
Já tentei calcular o meu valor,
E sempre encontro o sorriso e o meu paraíso é onde estou!
Eu não sei na verdade quem eu sou!

Percebi que a cada minuto
Tem um olho chorando de alegria e outro chorando de luto
Tem louco pulando o muro, tem corpo pegando doença
Tem gente trepando no escuro, tem gente sentindo ausência!

Meninas são bruxas e fadas,
Palhaço é um homem todo pintado de piadas!
Céu azul é o telhado do mundo inteiro,
Sonho é uma coisa que fica dentro do meu travesseiro!

Eu não sei na verdade quem eu sou,
Já tentei calcular o meu valor,
Mas sempre encontro sorriso e o meu paraíso é onde estou...
Eu não sei na verdade quem eu sou.

imagem é tudo

" O general , dir-se- ia que falando com autoridade, sempre insistiu que, se você cultiva corretamente seu mito pessoal, pouco mais importa na vida. O substancial não é o que acontece com as pessoas, mas o que elas pensam que lhes acontece."

-Anthony Powell, Books do Furnish a Room

segunda-feira, 1 de junho de 2009

A BALADA DA PRISÃO DE READING

"Contudo os homens matam o que amam
Seja por todos isso ouvido,
Alguns o fazem com acerbo olhar,
Outros fazem de lisonja,O covarde assasina com um beijo,
O bravo com punhal!
Uns matam seu amor, quando são jovens,
Outros quando velhos estão;
Com as mãos do desejo uns estrangulam
Outros do Ouro com as mãos;
Os de mais compaixão usam a faca,
O morto assim logo se esfria.
Uns amam pouco tempo, outros demais;
este amor compra ;aquele que vende;
Uns matam a chorar , com muitas lágrimas,
Outros sem mesmo suspirar:
Porque cada um mata o que ama,Mas nem todos hão de morrer."

Por trás da deselegância

Há sempre um pouco de maldade na deselegância. Maldade do espírito, maldade da carne ou má vontade, apenas. A deselegância não é obrigatoriamente vil, é desleixada, descuidada, mas estraga. Não há necessariamente um interesse vil na deselegância, mas o impacto dela é como um vilipêndio aos que se mantêm dispostos. A deselegância não mede esforços, ela é natural, como erva daninha, brota em solo seco, úmido, pisado ou bem passado. A deselegância é desanimadora, não ao deselegante, mas ou deselegantado (que palavra mais deselegante), faz ruir com ela qualquer possibilidade de apreciação, lapidação, contemplação e absorção.
A deselegância não quer formar bloco, partido ou movimento. Não quer patrulha, e não quer querer. A deselegância é simples, como um espirro. A deselegância não se sabe deselegante, não se vê diferente, mas aponta tudo quanto é trabalhado como rebusque afetado do ócio polpudo. A deselegância não se vê diferente, mas inveja tudo quanto soe refinado padrão, ou patrão. A deselegância não fede, nem cheira bem. A deselegância não negocia, nem volta atrás. A deselegância não mede palavra, nem safanão. A deselegância não tem vergonha, nem coração. Não vê borboleta, só avião. A deselegância não é burguesa, pequena, ou pobretona. A deselegância é mais simples. É despreocupação. O deselegante não passa nervoso, nem depressão. Tem colesterol, hemorróida, frieira, e constipação. O deselegante não sabe de nada, mas de tudo versa, e conversa, como ninguém.

Efemeridades

" A memória é o diário perfeito para tudo o que os dias trazem... Escrever, é a unica forma que tenho de não esquecer tudo aquilo que poderia acontecer..."