Há sempre um pouco de maldade na deselegância. Maldade do espírito, maldade da carne ou má vontade, apenas. A deselegância não é obrigatoriamente vil, é desleixada, descuidada, mas estraga. Não há necessariamente um interesse vil na deselegância, mas o impacto dela é como um vilipêndio aos que se mantêm dispostos. A deselegância não mede esforços, ela é natural, como erva daninha, brota em solo seco, úmido, pisado ou bem passado. A deselegância é desanimadora, não ao deselegante, mas ou deselegantado (que palavra mais deselegante), faz ruir com ela qualquer possibilidade de apreciação, lapidação, contemplação e absorção.
A deselegância não quer formar bloco, partido ou movimento. Não quer patrulha, e não quer querer. A deselegância é simples, como um espirro. A deselegância não se sabe deselegante, não se vê diferente, mas aponta tudo quanto é trabalhado como rebusque afetado do ócio polpudo. A deselegância não se vê diferente, mas inveja tudo quanto soe refinado padrão, ou patrão. A deselegância não fede, nem cheira bem. A deselegância não negocia, nem volta atrás. A deselegância não mede palavra, nem safanão. A deselegância não tem vergonha, nem coração. Não vê borboleta, só avião. A deselegância não é burguesa, pequena, ou pobretona. A deselegância é mais simples. É despreocupação. O deselegante não passa nervoso, nem depressão. Tem colesterol, hemorróida, frieira, e constipação. O deselegante não sabe de nada, mas de tudo versa, e conversa, como ninguém.
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